Busque as conversações inteligentes.

Quando um homem passa muito tempo sem uma conversação inteligente, quando seu convívio social se resume às conversas sobre o trabalho e sobre a vida alheia, ou sobre frivolidades da televisão e coisas do quotidiano, é certo que o entendimento e a invenção contraem uma espécie de musgo que, mais cedo ou mais tarde, transformá-lo-á em um tolo.

Daí a importância de buscarmos, pelo menos de vez em quando, a companhia de pessoas cultas.

Existe um antigo provérbio que diz assim:

Caminhe com os sábios, e serás como eles.
Caminhe com os comuns e com os tolos,
e serás pior que eles.

O problema é que caminhar com os sábios é uma tarefa praticamente impossível nos dias de hoje. Não que o caminho seja tortuoso, não que a trilha seja obscura, mas é porque hoje em dia é mais fácil encontrar uma pepita de ouro no meio da rua que encontrar uma pessoa sábia.
E mesmo que algum sortudo venha a ter o privilégio de conhecer um grande sábio, tal encontro renderá frutos positivos somente se a pessoa não estiver contaminada por um dos mais terríveis e abomináveis contaminantes da sabedoria: a inveja.

De fato, não poderemos tirar qualquer proveito da conversação com uma pessoa culta se nossa mente estiver infectada pelo musgo da inveja. Se desejamos elevar nossa condição intelectual através do convívio com pessoas de intelecto elevado, é necessário que nos livremos de qualquer sentimento de soberba e de inveja. Certa vez Schopenhauer disse:

Nada exaspera mais a maior parte das pessoas do que alguém exibir o brilho de sua habilidade superior na conversação. Parece agradar-lhes num primeiro momento, mas a inveja os faz maldizê-lo dentro de seus corações.

Feliz daquele que não se deixa dominar pela jactância, pela soberba e pela inveja, e que tem a oportunidade de conversar com pessoas de espírito elevado e de louvável saber.
Mas onde estão as pessoas de notável sabedoria? Em que caverna se esconderam? Em qual distante montanha se isolaram?

Pegue mil pessoas e identificarás dentre elas talvez umas vinte que possuem conhecimento digno de nota. Mas o conhecimento por si mesmo serve tão somente para transformar um homem em uma enciclopédia. E dentre estas vinte pessoas, deve existir uma quantidade ínfima de pessoas que carregam em si a derradeira combinação de intelecto e cultura.

Ao longo de meus quarenta e poucos anos de existência neste mundo adquiri a convicção de que pessoas sábias são tão ou mais raras que o mais belo diamante.
Assim sendo, quando tiveres a oportunidade de debater com uma destas benévolas criaturas, não permita que a inveja e a soberba lhe tirem tão fabulosa oportunidade de crescimento.

Abuse de suas orelhas e poupe um pouco sua boca. Lembre-se sempre que é impossível aprendermos algo que achamos que já sabemos.

E se não lhe for incômodo, apresente tal sábio a mim.

Grande abraço!

Everton Spolaor